A Sociedade Rural Brasileira vem a público repudiar as declarações do presidente da França Emmanuel Macron de relacionar a soja brasileira ao desmatamento na Amazônia. Para a presidente da SRB, Teresa Vendramini, é surpreendente e constrangedor que um país tão respeitado como a França demonstre tamanho desconhecimento sobre a produção de alimentos no Brasil, tentando diminuir nosso protagonismo no cenário mundial.

A SRB apoia a iniciativa do secretário da agricultura de São Paulo, Gustavo Junqueira, que enviou uma carta ao presidente francês destacando que há 12 anos as áreas de produção de soja no Brasil estão desvinculadas na prática do desmatamento. No documento, Junqueira afirmou que a autoridade francesa demonstrou desconhecimento sobre os sistemas produtivos no Brasil, que hoje preserva 60% de seu território.

˜Dados divulgados por diferentes pesquisadores e entidades representativas do agronegócio confirmam o equívoco cometido pelo presidente Macron”, afirma Vendramini. O pesquisador da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, que já morou na França e conhece em detalhes a relação entre o agro brasileiro e os países europeus, afirma que atualmente apenas 10% da soja brasileira é produzida em regiões vizinhas ao bioma Amazônia. Segundo ele, a União Europeia importa cerca de 13 milhões de toneladas de soja por ano, dos quais uns 5 milhões vão para França.

Já a produção francesa de soja hoje é estimada em cerca de 200 mil toneladas por ano, quer dizer, apenas 5% de sua demanda, o que inviabilizaria a proposta de Macron de passar a utilizar a “soja europeia”. O pesquisador calcula que, para isso, seria necessário liberar 2 milhões de hectares na França para o cultivo da soja.