Representantes de importantes cooperativas de café do País participaram de mais uma reunião do Departamento de Café da Sociedade Rural Brasileira (SRB). Desta vez, o tema do encontro foi: “Visão do setor produtivo: Clima, Produção e Preços e Regulamentação europeia.”  

O presidente da Cooxupé, considerada a maior cooperativa de café do mundo, Carlos Augusto de Melo, fez um relato sobre como está se comportando o clima nas regiões produtoras. “No Sul de Minas, Mogiana Paulista e Zona da Mata mineira, a amplitude térmica tem sido impactante para a cafeicultura. Temos 70 estações meteorológicas, que em alguns dias de setembro de 2023, chegaram a medir mínima de 10 e máxima de 36 graus”, afirmou o dirigente. Segundo ele, a amplitude térmica foi a grande vilã, diferentemente do passado, quando as grandes perdas ocorriam por granizo ou geada. Ainda assim, Carlos Augusto afirmou que a produtividade da safra 2024 dos cafezais do sul e centro-oeste de Minas Gerais, deverá superar as projeções iniciais na área de atuação da Cooxupé.

Glaucio de Castro, presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, também participou da reunião. Ele lembrou que a mudança climática veio do La Niña e, agora, do El Niño, com chuvas instáveis e irregulares e altas temperaturas que, mesmo em áreas irrigadas, afetam a fisiologia da planta com impacto na florada, no enchimento dos grãos e, portanto, na produtividade e produção. Glaucio mencionou que o Cerrado também sofreu com geadas, outro resultado das mudanças climáticas, e acrescentou que acredita que se o fenômeno El Niño enfraquecer, haverá uma safra melhor em 2025.

O presidente da Coabriel, Luiz Carlos Bastianello, também foi convidado da SRB. Representando a maior cooperativa brasileira de Conilon, ele ressaltou o fato da cafeicultura brasileira respeitar a lei ambiental. “No Espírito Santo, tivemos aumento de produtividade sem expansão de área.” Bastianello ainda mencionou que os prejuízos climáticos foram maiores em safras anteriores do que na atual, cuja colheita começa em breve. Também comentou sobre os preços excelentes do Conilon e alertou sobre o impacto que os problemas no Mar Vermelho estão tendo com essa alta, dificultando o acesso de cafés vietnamitas ao mercado europeu. Bastianello lembrou então que uma solução deste problema logístico pode causar uma redução dos preços atuais.

A reunião do Departamento de Café também teve a participação de Vanusia Nogueira, diretora executiva da Organização Internacional do Café (OIC), que falou diretamente de Londres. “O café entrou na lista de produtos da EUDR, mas a Grã Bretanha, EUA e China ainda não tem algo parecido. Vamos comprovar que foi um equívoco europeu incluir o café nessa regulamentação, pois a área desflorestada pelo café nos países produtores é negligível e irrelevante. Vanusia também acenou com a possibilidade do prazo de entrada em vigor da EUDR ser adiado.

O mediador do encontro foi o coordenador do Departamento de Café da SRB, Carlos Brando, que, no início da reunião, provocou os palestrantes sobre a visão do setor produtivo em relação aos temas em discussão, que frequentemente são interpretados de maneira diferente pelos cafeicultores e pelo mercado. No final, Carlos afirmou que os próprios agricultores europeus estão descontentes com as exigências que foram criadas e sugeriu que se volte ao assunto da EUDR na próxima reunião do Departamento de Café. O presidente da SRB, Sérgio Bortolozzo, elogiou o encontro e propôs a continuidade do debate nas próximas reuniões.

Veja a reunião completar no canal da SRB no YouTube: