O tema desmatamento é o maior entrave nas negociações do Brasil com outros países atualmente, especialmente nas tentativas de diálogo com a União Europeia. Este foi um dos alertas durante mais um encontro do Comitê de Relações Internacionais da Sociedade Rural Brasileira (SRB), que teve como tema a imagem do agronegócio brasileiro. 

Um dos convidados foi o conselheiro na Embaixada do Brasil em Madri, Flavio Bettarello, que participa de diferentes fóruns internacionais ligados ao setor produtivo. O diplomata defendeu que se busque avançar nos projetos que tenham como foco reduzir a taxa de desmatamento no Brasil. “Só se fala nisso aqui na Europa e, infelizmente, é uma imagem simplista, pouco aberta ao diálogo, acredito que nossa única saída é mudar a manchete, mostrar avanços”, afirmou.

A diretora de Relações Internacionais da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Sueme Mori, foi a segunda convidada especial do encontro. Ela concordou com Bettarello, relatando que tem ouvido de diplomatas uma completa paralisação das negociações na pauta internacional, já que todos os temas acabam travando na necessidade de redução dos índices de desmatamento – é uma orientação que vem dos governos europeus. 

“Porém, precisamos ressaltar, que há uma grande diferença geográfica, o diálogo com o Oriente é muito mais aberto, mais focado em competitividade, se comparado a postura mais rígida da União Europeia”, afirmou Mori. A diretora da CNA lembrou também que as importações agrícolas de mercados asiáticos, na maioria, cresceram mais de 400% de 2002 a 2021, enquanto as compras da União Europeia ficaram abaixo da média mundial, avançando 200%.  Mori acredita que o Brasil precisa ser mais ofensivo e menos defensivo nestas negociações. 

A reunião do comitê da SRB foi liderada pela especialista em relações internacionais Claudia Costa e contou com a participação de diversos diretores da entidade, a presidente da SRB, Teresa Vendramini, o vice-presidente da SRB, Sérgio Bortolozzo, além de lideranças de diferentes cadeias produtivas, como o presidente da Abiec, que representa a indústria exportadora de carne, Antônio Camardelli.