Liderados pela Fiesp, empresários defendem a saída da presidente Dilma para melhorar a economia

Há várias semanas, a DINHEIRO vem registrando em suas páginas o apoio crescente de empresários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. São raros, no entanto, os que expõem publicamente suas posições sob a justificativa de que não compensa o risco de apostar contra o governo e, eventualmente, se transformar em persona non grata em Brasília, caso Dilma permaneça no cargo até 2018. Na semana passada, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) decidiu externar à sociedade esse desejo velado do setor produtivo, que está cansado de ver a economia em frangalhos.

Numa decisão inédita, a entidade se posicionou a favor do processo que pode tirar Dilma e colocar o vice-presidente Michel Temer no seu lugar. “Não se pode falar em golpe com tudo feito de maneira correta, de acordo com a Constituição”, afirmou Paulo Skaf, presidente da Fiesp, na segunda-feira 14. “O País está à deriva, e não há atitudes para solucionar os problemas.” No dia anterior, milhares de pessoas foram às ruas em diversas partes do País para pedir a saída da presidente Dilma. Nos protestos, o coro dos descontentes mirava a crise política e a deterioração da economia, com seus efeitos nefastos na área social.

Os empresários comungam do mesmo sentimento. “Os investimentos estão paralisados e a situação está insustentável”, afirma Juscelino Sousa, presidente da Usina Coruripe. “Se o impeachment é o caminho para termos a legitimidade, eu sou a favor.” A Fiesp promoveu uma pesquisa com 1.113 companhias e constatou que 85,4% são favoráveis ao processo de impeachment (leia quadro acima). “A lógica indica que um governo Michel Temer teria maior capacidade de resolver os problemas econômicos”, diz Gustavo Junqueira, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB). “Não temos tempo a perder. As companhias estão faturando 30% a menos e os financiamentos estão congelados.”

Embora não tenha fechado um posicionamento sobre a permanência da presidente da República no cargo, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem pressa no desfecho político. “Se, por acaso, tiver o impeachment e o vice-presidente Michel Temer assumir, tenho certeza de que vai ter um período de graça e benevolência da sociedade, que vai dar um prazo, acreditando que ele vai fazer as reformas necessárias”, diz Robson Andrade, presidente da CNI. A avaliação unânime dos líderes do setor produtivo é de que o País não tem mais tempo a perder.

“É hora de chutar a estaca que nos prende e assumir o protagonismo que cabe ao empresariado”, diz Flávio Rocha, presidente da Riachuelo. Embora o plano de negócios para 2016 já esteja pronto nas empresas, os executivos têm na gaveta um plano B, mais otimista, caso Dilma deixe o Planalto. “Como somos importadores de insumos, essa insegurança afeta nossa rentabilidade”, diz Theo Van der Loo, presidente da Bayer no Brasil. “Mas, ao mesmo tempo, o processo de impeachment mostra que a democracia brasileira é algo que funciona.”

Fonte: Istoé