Entidade analisa a proposto do Mapa para garantir que metas ambiciosas não sobrecarreguem produtor rural e a sociedade por consequência
A Sociedade Rural Brasileira (SRB) recebeu na última quarta-feira representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) responsáveis pelo Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA). A entidade entende que o futuro da pecuária deve ser livre de vacinação, mas classifica o plano como “ambicioso” e “arrojado”. Para a SRB, os integrantes da cadeia produtiva vão precisar superar grandes desafios para colocar em prática a principal meta do programa: fazer do Brasil um País livre de febre aftosa e eliminar a vacinação até 2023. Segundo dados apresentados pelo Ministério, atualmente apenas 1% do território nacional é considerado livre da doença sem vacinação.
A preocupação central da entidade está nos custos para financiar o programa. “É evidente que o Brasil precisa evoluir em sanidade, mas temos que avaliar alternativas para não onerar os produtores rurais e a sociedade”, diz a diretora do Departamento de Pecuária da SRB, Teresa Vendramini. Para Teresa, a ideia de estruturar um fundo com participação da iniciativa privada para custear o plano só será viável após mensurar o potencial econômico da proposta. “O setor produtivo precisa saber quais novos mercados poderá acessar para analisar o interesse”, enfatiza Teresa.
Para a diretora, só a ideia de continuidade poderá reestabelecer a credibilidade da pecuária brasileira no mercado internacional, já fragilizada após as denúncias da operação Carne Fraca e os escândalos da JBS. ”Se vamos firmar um compromisso, precisamos garantir as condições para cumpri-lo, é um acordo sem volta com os órgãos fiscalizadores e nossos parceiros comerciais”, diz a diretora.
A SRB apoia a necessidade de estruturar um plano de contenção robusto o suficiente para garantir a segurança do Brasil caso o foco da doença um dia reapareça no País. “Apoiamos a ideia do programa, mas precisamos assegurar que sejam aplicadas com segurança, transparência e responsabilidade”, ressalta Teresa. A diretora adiantou que a entidade vai convocar reuniões com conselheiros, lideranças do setor produtivo e especialistas em sanidade. A intenção é debater com mais profundidade os principais pontos e transmitir aos produtores rurais os reais efeitos do programa para a atividade. A expectativa do Mapa é que uma versão final do plano seja lançada ainda neste mês de julho.