A Sociedade Rural Brasileira acompanhou de perto as discussões que se estenderam por duas semanas em Glasgow, na Escócia, durante 26ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP26. Ao final do encontro, ficou claro que, mais do que desafios, o avanço no combate aos efeitos das mudanças climáticas, traz oportunidades ao agro do nosso país. E nós vamos explicar os motivos para acreditar neste futuro promissor. 

O principal deles é o fato de a COP26 ter finalizado o livro de regras do Acordo de Paris e os pontos que estavam em aberto, como o artigo 6º, que se refere ao mercado de carbono. Quer dizer, estão definidas as diretrizes globais para que ações que reduzam a emissão de gases causadores do efeito estufa possam ser financiadas por este novo mercado. Os projetos da chamada agricultura de baixo carbono, que inclui práticas cada vez mais adotadas no Brasil, como a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) são fortes candidatos a receber investimentos estrangeiros.

“Nossa avaliação é extremamente positiva, principalmente porque houve um acordo entre os países, muitas vezes estes encontros terminam sem nenhum consenso”, destacou o líder do comitê de sustentabilidade da SRB, Plinio Ribeiro, que acompanhou presencialmente o evento na Escócia. 

A prova de que todos acreditam na viabilidade econômica deste novo cenário e da importância dos temas ali discutidos foi a presença massiva de CEOs de grandes empresas do agronegócio, governadores e uma participação importante do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite e demais representantes do governo federal. “Diversos países fizeram elogios a uma postura mais colaborativa adotada pelo Brasil durante as discussões”, relatou Ribeiro. 

A presidente da SRB, Teresa Vendramini, destacou também o marco que a COP26 representa para o setor energético, que vai demandar cada vez mais fontes renováveis, o que passa necessariamente pelos biocombustíveis. Um dos pontos mais importantes do documento final da conferência foi o compromisso dos 198 países participantes em reduzir os subsídios aos combustíveis fósseis e o uso do carvão. 

“O Brasil já se destaca na produção de etanol de cana de açúcar, vem aumentando a produção de etanol de milho e tem um mercado cada vez mais consolidado na questão do biodiesel”, ressaltou a dirigente. A agropecuária está diretamente ligada à geração de energia renovável, não apenas com os biocombustíveis, mas também em projetos que envolvem o biogás, por exemplo, por meio de biodigestores nas propriedades rurais, além do uso da biomassa, que gera energia elétrica a partir de resíduos como bagaço da cana-de-açúcar e casca de arroz. 

Durante a COP26, o governo brasileiro apresentou uma nova meta de redução de 50% das emissões dos gases associados ao efeito estufa até 2030 e a neutralização das emissões de carbono até 2050, considerando, por exemplo, projetos que preservem a floresta nativa e recuperem áreas desmatadas. Também houve o compromisso de zerar o desmatamento ilegal até 2028.