Em cerimônia de posse da nova diretoria, Marcelo Vieira, novo presidente da entidade, discursou sobre a oportunidade do agronegócio trabalhar o reposicionamento de imagem para garantir acesso aos principais mercados internacionais
A Sociedade Rural Brasileira (SRB) realizou a cerimônia de posse de seu novo presidente, Marcelo Vieira, e da nova diretoria no começo da noite de ontem (27), na sede da entidade, no Anhangabaú, em São Paulo. Marcaram presença na solenidade autoridades do Governo do Estado de São Paulo, como o governador Geraldo Alckmin e os secretários Arnaldo Jardim, da Agricultura e Abastecimento, João Carlos Meirelles, de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado, e Ricardo Salles, do Meio Ambiente. Também prestigiaram a cerimônia os deputados federais Nilson Leitão, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), e Tereza Cristina, além do deputado estadual Cauê Macris, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Fabio Meirelles, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), também marcou presença no evento, além de convidados produtores rurais e empresários.

Durante o discurso, Marcelo Vieira destacou o reposicionamento da produção brasileira da alimentos no mercado internacional com um dos maiores desafios do agronegócio para garantir a adequada valorização dos produtos nos próximos anos. “Somos hoje os produtores mais eficientes e sustentáveis do planeta. Temos de fazer o reposicionamento da imagem de nossa produção de alimentos, garantindo sua adequada valorização e o acesso aos principais mercados da comunidade internacional”, afirmou Vieira.

Em sua fala, Geraldo Alckmin ressaltou o compromisso do governo dele com o Programa de Regularização Ambiental (PRA), um conjunto de ações e medidas de natureza técnico-ambiental para regularizar pendências ambientais e definir formas de compensação dos produtores rurais. O governador também valorizou o setor rural nacional e a atuação da Sociedade Rural Brasileira. “Esta é uma instituição do Brasil, vitoriosa, que fez e faz história, com inovação e tecnologia”, elogiou.

O novo corpo diretivo da entidade, eleito pelo Conselho Superior da SRB no dia 8 de fevereiro, é formado pelos vice-presidentes Pedro de Camargo Neto, Jayme da Silva Telles e Francisco de Godoy Bueno e pelos diretores João Adrien, Bento Mineiro, Teresa Vendramini e Francisco Guilherme Nastari.

Leia, abaixo, o discurso de posse na íntegra de Marcelo Vieira:

Senhores,
 
Bem-vindos à Sociedade Rural Brasileira, esta organização quase centenária, criada por nossos cafeicultores, que hoje representa nosso agronegócio, líder no suprimento de alimentos ao mercado mundial.
 
Até a metade do século passado, éramos importadores de alimentos. Nossa agricultura tinha um histórico de lento crescimento, por meio de políticas de ocupação do território, como a Marcha para o Oeste.
 
Apenas há cerca de 50 anos, com a Revolução Verde e a criação da EMBRAPA, desenvolvemos tecnologias apropriadas para a agricultura tropical. Somos hoje os produtores mais eficientes e sustentáveis neste ambiente. Mesmo tendo ainda enormes falhas em nossa infraestrutura logística, somos também os maiores exportadores líquidos de alimentos do planeta.
 
Com o Código Florestal, temos a legislação ambiental mais abrangente, e temos também a legislação trabalhista no campo mais responsável entre todos os grandes produtores de alimentos do mundo.
 
Temos, ainda, uma grande parte de nosso território preservada, o equivalente a mais de 60% de toda a área do País, com uma boa parte disso em propriedades rurais.
 
Isto faz de nossa produção de alimentos uma das mais sustentáveis e responsáveis do planeta hoje e ainda mais no futuro. Pois, as NDCs brasileiras no Acordo do Clima – que são as metas de cada país para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa – são principalmente de responsabilidade do agronegócio.
 
Como isto não é ainda reconhecido no mercado mundial, temos um importante trabalho a realizar para mudar esta imagem.
 
Comecei a trabalhar na Sociedade Rural Brasileira com nosso saudoso Presidente Luiz Suplicy Hafers, no Projeto do Café Gourmet, em parceria com a Associação Brasileira de Cafés Especiais. Este projeto levou à transformação da produção brasileira de café, que era padronizada e focada no mercado comercial de grande escala, na origem líder em todos os segmentos, principalmente no mercado de cafés especiais.
 
Temos hoje uma oportunidade semelhante, o de fazer o reposicionamento da imagem de nossa produção de alimentos, garantindo sua adequada valorização e o acesso aos principais mercados da comunidade internacional.
 
Ainda temos grandes desafios na reestruturação da regulação de nosso setor – nas áreas de financiamento, tributária, trabalhista, previdenciária, ambiental, de propriedade de terras, entre outras, para torná-la mais eficiente e menos burocrática e agregadora de custos.
 
Assim, precisamos, cada vez mais, da participação dos melhores produtores aqui na Sociedade Rural Brasileira.
 
Já temos feito bom progresso. Com a participação de nosso Conselho e de nossa Diretoria, trazendo também jovens produtores e outros interessados na discussão sobre o futuro do agronegócio brasileiro – para definir em quais direções devemos evoluir.
 
Contamos com todos vocês para este trabalho!