(Foto: Beto Barata/Agência Brasil)

Volume de R$ 190 bilhões é recorde, mas queda de juros está abaixo da expectativa do setor

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou nesta quarta-feira (7) o Plano Agrícola e Pecuário de 2017/2018, que financiará a atividade agropecuária até julho do ano que vem. O produtor rural dispõe de um volume inédito de R$ 190,2 bilhões em crédito, com redução de 1% a 2% nas taxas de juros, conforme o programa assinado pelo ministro Blairo Maggi e o secretário de política agrícola, Neri Geller.

Na visão de representantes do setor, o reajuste em relação ao último Plano Safra, de R$ 185 bilhões, ainda é tímido, mas corresponde às circunstâncias políticas e econômicas do País. A preocupação maior ocorre na avaliação das taxas de juros (6,5% a 8,5%), que podem perder o efeito de subsídio com uma eventual redução da taxa Selic (10,2%) nos próximos meses.

“Não se esperava um reajuste, que só foi possível graças à pressão do setor”, observa Roberto Rodrigues, conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB). “O volume de recursos ainda é pouco, mas supera as expectativas, em geral, negativas”, afirmou o representante. Para o gerente de política agrícola da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja-MT), Frederico Azevedo, o valor anunciado “foi o recorde possível”.

“Aqui no Mato Grosso, esperávamos um valor mais alto, mas sabemos que o momento é complicado”, diz Azevedo. “Nossa preocupação maior é com uma possível queda na Selic. O plano atual [2016/2017] foi implantado com a taxa básica de juros a 14,5%, na qual já houve uma redução muito grande até aqui. A expectativa de mercado é que ela caia para 8%”, acrescenta.

Na prática, a diferença entre as taxas de juros do Plano Safra e da Selic constitui o subsídio real concedido pelo governo ao produtor rural. O setor pedia uma redução de 3% a 4% nas linhas de financiamento. “Foi a demanda maior que recebemos do setor, mas a Fazenda [o ministério] estava inflexível”, conta o diretor do departamento de Economia do Mapa, Wilson Vaz.

Seguro rural

Embora houvesse preocupações quanto ao recurso disponível para a subvenção ao seguro rural, com uma possível transferência de 90% da verba para custear outras áreas do Mapa, o governo anunciou um volume superior aos R$ 400 milhões propostos inicialmente para a securitização das safras. O Plano Safra conta, afinal, com R$ 550 milhões disponíveis para subvencionar apólices contra quebras.

“A pressão das entidades surtiu efeito”, comenta Rodrigues, responsável pela criação do programa de subvenção quando era ministro da Agricultura, em 2003. “Ainda é metade do que precisamos: R$ 1 bilhão”, afirmou.