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Agricultura Regenerativa no café é destaque da SRB no mês de maio

Adotar práticas cada vez mais sustentáveis na cafeicultura é o caminho para garantir produtividade, com reconhecimento no mercado, além de ser a principal saída para garantir resiliência na questão climática. 

Com esse objetivo, o Departamento do Café da SRB realizou em sua reunião bimestral um encontro com a participação de pesquisadores, consultores e também com o relato de um produtor rural que desenvolve a agricultura regenerativa e já teve sua fazenda eleita entre as cinco mais sustentáveis do mundo na produção de café.

O debate foi conduzido pelo coordenador do Departamento do Café, Carlos Brando. A primeira apresentação foi de Eduardo Sampaio, atualmente consultor da Plataforma Global de Café, que tratou da evolução da cafeicultura nas últimas décadas e dos desafios atuais. 

Precisamos racionalizar uso de defensivos e ainda muita há muita compactação de solos na cafeicultura”, alertou Sampaio.  Ele falou sobre a recente definição dos “7 elementos da agricultura regenerativa” pelo chamado Grupo de Trabalho Brasil. 

O tema também foi abordado por Pedro Ronca, coordenador da Plataforma Global do Café. Os sete elementos são: construção da fertilidade do solo em profundidade e uso racional de adubos, aumento da matéria orgânica, uso de bioinsumos, promoção da retenção de água, conservação ambiental, manejo integrado de pragas e doenças e, por fim, a geração de renda e bem estar para as comunidades. 

Ronca contou que, atualmente, o grupo está fazendo um estudo sobre a viabilidade econômica da cafeicultura regenerativa. A conclusão deve ser conhecida em setembro de 2025, “para entender o custo e benefício dessas práticas”. 

A meta é atingir 95 mil produtores com o programa. Somente no Espírito Santo, ele mencionou que o plano é envolver 30 mil produtores até 2030. 

Kleso Silva Franco Junior, coordenador técnico da Emater-MG, falou sobre o projeto “Construindo Solos Saudáveis”, que trabalha agricultura regenerativa também no café. Na safra 21/22 eram 50 unidades demonstrativas, um número que foi aumentando aos poucos e agora chegou em 1 mil unidades na safra 24/25.

“A agricultura regenerativa não é nada mais do que a agricultura agronômica”, afirmou Kleso, destacando que boas práticas tradicionais estão sendo resgatadas. Segundo ele, já foi possível comprovar ganhos de produtividade em litros por saca de café. 

Victor Monseff de Almeida Campos, CEO da 3r Ribersolo, um laboratório de análises agropecuárias, falou sobre a necessidade de tropicalizar os indicadores e defendeu que não sejamos somente “fiscais” das práticas, mas que ajudemos o produtor a agir. 

Por último, o produtor rural e engenheiro agrônomo Marcelo Cocco Urtado, apresentou o case de sua fazenda, a Três Meninas, que produz cafés especiais em Minas Gerais. A propriedade já foi eleita entre as cinco mais sustentáveis da cafeicultura global e adota diversas práticas de agricultura regenerativa. 

Urtado ressaltou que sua principal premissa é garantir a perenidade da produção, mesmo em tempos de mudanças climáticas, ou seja, evitando assim que seja obrigado a migrar para outra região. Nas lavouras, faz uso de plantas de cobertura de inverno, adota macro e micro biológicos, além de adubação orgânica e energia solar. Um dos pontos centrais na fazenda é a arborização e espaço entre os cultivos.

O produtor rural vem fazendo mensurações de carbono e desenvolvendo projetos específicos, como a criação de abelhas, que ajuda a indicar se as condições estão adequadas para o meio ambiente. Contou ainda que consegue secar o café a pleno sol, não possuindo secadores, o que também diferencia seu produto no mercado.

Assista a reunião completa no Canal da SRB no YouTube

 

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