Uso de tecnologias, abertura de mercado e questões regulatórias são as principais diretrizes do departamento coordenado por Teresa Vendramini

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) abriu uma frente de atuação para o desenvolvimento do mercado brasileiro de carne bovina. O Departamento de Pecuária, coordenado pela diretora Teresa “Teka” Vendramini, irá trabalhar pela modernização da produção nacional, a abertura de novos mercados fora do país e a solução de questões regulatórias, como a febre aftosa e a tipificação da carcaça animal.

“A Rural está decidida a assumir uma postura mais proativa em relação à pecuária”, declarou Teka na primeira reunião do grupo, em maio. “Quando comecei a planejar o departamento, aconteceu a Operação Carne Fraca”, lembrou ela. A produtora recebeu apoio da Associação Nacional de Pecuária Intensiva (Assocon), da consultoria especializada Agroconsult e do Instituto de Zoologia, que participaram do encontro.

Uma das prioridades do comitê é inserir a pecuária no Pam-Agro, programa da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para fomentar as vendas de produtos agropecuários no mercado externo. Outra proposta, a nível de mercado interno, é estimular a lucratividade do negócio por meio do uso de tecnologias e intensificação de produção. “O pecuarista precisa se modernizar”, avalia Teka.

A próxima reunião do Departamento de Pecuária será realizada no dia 31/05, na sede da SRB. Interessados devem confirmar presença no e-mail da coordenadora, Teka: tcvendramini@gmail.com

 

Teresa Vendramini, Bruno Andrade (Assocon, à esq.) e Mauricio Nogueira (Agroconsult, à dir.)

 

Dados

A Assocon estima um aumento de 25% no confinamento de gado este ano, em relação a 2016. Embora o custo de produção esteja até 30% menor, de acordo com o gerente da entidade, Bruno Andrade, a oferta maior de bezerros e boi magro no mercado interno impedem um aumento efetivo da lucratividade do criador. “Em relação ao preço do boi gordo, a expectativa de preço é mais baixa, mas compensada pelo custo menor”, avaliou o especialista, projetando um cenário de estabilidade, com leve tendência de baixa na comparação anual, para o preço da arroba.

Para o diretor da Agroconsult, Maurício Nogueira, a maior preocupação é com a venda do produto no mercado interno. “Se não houver aumento da demanda, corremos risco de perder preço neste ano”, observou o especialista, responsável pelo anual Rally da Pecuária, que no ano passado perscrutou 180 propriedades, com mais de mil entrevistas e 180 técnicos envolvidos.

Diretor da SRB, Pedro Camargo Neto, que representou a entidade no combate aos efeitos negativos da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, em abril, disse estar muito preocupado com a concentração do mercado, provocada pelo crescimento exponencial de empresas com ao JBS. Foi um consenso entre os membros do departamento, na primeira reunião, que o pecuarista brasileiro, de modo geral, precisa investir em tecnologias e profissionalização para não perder mercado.

Outra urgência é a organização da cadeia produtiva e sua capacidade de gerar dados – o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-USP), por exemplo, só teria informações sobre 3,5 mil pecuaristas, enquanto a base produtiva paulista envolve 45 mil criadores.