Evento Segundo Século promoveu intercâmbio entre ex-presidentes da entidade e o novo corpo diretivo do comitê de Jovens Lideranças

 

Ampliar a produtividade, desenvolver novos modelos de tecnologia, melhorar a imagem do agronegócio no exterior e consolidar o País como referência mundial em segurança alimentar. Foram esses os principais desafios para os jovens do agronegócio apontados no “Segundo Século – Análise do futuro do agronegócio”, evento promovido pelo Comitê de Jovens Lideranças da Sociedade Rural Brasileira (SRB) na última quinta-feira, 30 de janeiro, em São Paulo.

No evento, que serviu para apresentar o novo corpo diretivo do Comitê, jovens tiveram a oportunidade de dividir o salão nobre da entidade com todos os ex-presidentes: Flávio Teles de Menezes, Pedro Camargo Neto, Roberto Rodrigues, João de Almeida Sampaio Filho, Cesário Ramalho e Gustavo Diniz Junqueira, além do atual, Marcelo Vieira. A mediação ficou à cargo da diretora de Pecuária da SRB, Teresa Vendramini, e do vice-presidente Francisco de Godoy Bueno.

Responsável pela abertura, um dos fundadores do Comitê, João Francisco Adrien, contou que a motivação para formar o grupo foi a oportunidade de conhecer as perspectivas e desafios enfrentados por jovens de todo País. “A atividade agropecuária se modernizou, abrindo uma demanda por gestão e novas tecnologias”, disse Adrien, hoje chefe da Assessoria de Assuntos Socioambientais do Ministério da Agricultura. “Temos mostrado ao longo desses anos que o jovem tem tudo para crescer junto com o setor”, completou.

Para o atual coordenador do Comitê, Arthur Kuhn, o objetivo do evento foi unir gerações para discutir as futuras perspectivas do agronegócio e apontar os principais desafios que a juventude terá pela frente. Dentre as prioridades do grupo, segundo Kuhn, está a expansão internacional do Comitê. “Nosso objetivo é internacionalizar o grupo participando de fóruns de discussão”, apontou o coordenador, que também projeta ampliar a atuação do grupo em universidades e exposições tradicionais do setor.

Primeiro ex-presidente a se manifestar, Flávio Teles de Menezes exaltou a agricultura brasileira como um dos principais setores no desenvolvimento da economia do País. “Em um mundo onde as nações desenvolvidas investem em educação e conhecimento científico para as novas gerações, estamos enfrentando uma carência de capital humano preparado para lidar com uma agricultura cada vez mais tecnificada”, apontou. Para Menezes, o papel do jovem a partir de agora é olhar a entidade como grandes líderes fizeram ao longo da história, enxergando como se estivessem do alto de um mastro, sempre à frente e a quilômetros de distância para perceber por quais caminhos a agricultura deve passar. “A SRB não é um sindicado, é uma usina de ideias”, disse o ex-presidente.

Sucessor de Menezes na presidência, Pedro de Camargo Neto também enfatizou o papel da entidade em atender as necessidades dos produtores, desenvolvendo ações que individualmente não seriam capazes de empreender. Essas ações vão desde atividades no campo até questões representativas no executivo, judiciário, legislativo e também perante a sociedade. “Temos que estar atentos ao que o associado quer, entender o assunto, elaborar estratégia e atuar em seu benefício”, completou o pecuarista, que esteve à frente da SRB entre 1990 e 1993.

Para consolidar a posição do Brasil como referência do agronegócio mundial, os participantes destacaram dois grandes desafios. O primeiro de produtividade, levantado pelo ex-presidente Roberto Rodrigues. Segundo o ex-ministro da Agricultura, o País precisará ampliar sua produção em 40% para que haja oferta de alimentos suficiente para suprir o planeta. “Este será um dos maiores desafios da humanidade: ser produtivo e inovador”, afirmou Rodrigues.

O segundo grande desafio será de imagem, algo que, para João de Almeida Sampaio Filho, precisará ser aperfeiçoado pela nova geração do setor. “O jovem precisa ampliar sua capacidade de conversar, inclusive pessoalmente”, disse o ex-presidente, que apontou a falta de capacidade de se comunicar adequadamente como fator prejudicial à imagem do setor e do País no cenário mundial.

Quem também destacou a importância dos jovens para a mudança do País foi Cesário Ramalho, relembrando inclusive o surgimento do grupo Rural Jovem durante sua gestão, entre 2008 e 2013. “Não há possibilidade de ter um país melhor se não acreditarmos no jovem”, disse Cesário.

Para seu sucessor, Gustavo Diniz Junqueira, uma entidade como a SRB se alimenta da dedicação de pessoas que empregam o tempo de suas vidas para a organização. “A Rural une a experiência dos mais velhos e o entusiasmo dos jovens para ter o próprio DNA”, disse o ex-presidente. Atual secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Junqueira acredita que só através das pessoas conseguiremos transformar a sociedade e a nação. “Governos não mudam nada, apenas apontam a decisão de fazer algo diferente”, completou.

O presidente da SRB, Marcelo Vieira, encerrou o debate destacando a importância da juventude para transformar o cenário atual do produtor brasileiro, muitas vezes limitado pelo excesso de regulação e burocracia. “O principal desafio para as próximas gerações será trabalhar pela reforma do custo Brasil, sem perder a segurança dos produtores e dos consumidores”, apontou Vieira.

No encerramento do evento, Arthur Kuhn entregou a cada ex-presidente uma placa em reconhecimento aos anos de contribuição à frente da SRB.