Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, o colunista Marcos Sawaya Jank destaca a aproximação do agronegócio com práticas de sustentabilidade e ampliação da presença internacional como dois dos principais desafios do setor. Sua avaliação está em linha com as principais constatações dos participantes da 3ª edição do Global Agribusiness Forum (GAF), maior evento do agronegócio mundial, realizado semana passada em São Paulo, que reuniu importantes lideranças empresariais e políticas, como o Presidente Michel Temer e os ministros Blairo Maggi, da Agricultura, e José Serra, da Relações Exteriores.

O GAF é um projeto idealizado pela SRB e correalizado em parceria com a Datagro, a Abramilho e e ABCZ. Trata-se de uma das iniciativas da SRB desenvolvidas dentro de um amplo plano estratégico para promover o agronegócio brasileiro no mercado internacional e nas discussões comerciais como o mais sustentável e eficiente do mundo. Como ressalta Jank em seu artigo, projetos como o GAF apoiarão o Brasil na tarefa de coordenar uma ação entre os diferentes elos da cadeia produtiva para ampliar a nossa presença internacional e transformar o País em referência em temas relevantes, como segurança alimentar e geopolítica, tecnologia do futuro e agricultura energética.

Confira o artigo na íntegra, abaixo:


O Global Agribusiness Forum

Na sua 3ª edição, o GAF (Global Agribusiness Forum) reuniu nesta semana, em São Paulo, mais de mil participantes de 42 países para dois dias de debate sobre o futuro da agropecuária, dos alimentos, das florestas plantadas e da agroenergia.

O agronegócio responde por 25% do PIB e por 46% das exportações brasileiras. Somos o 3º maior exportador mundial no setor, e nossos produtos chegam a quase 200 países. Trata-se de uma das poucas áreas em que o Brasil é, de fato, global.

O evento discutiu temas de alta relevância, como segurança alimentar e geopolítica, promoção comercial, adição de valor, tecnologias do futuro, agricultura energética, sustentabilidade, financiamento e serviços, nutrição e novas tendências do consumo, entre outros.

A presença do presidente interino, Michel Temer, de três ministros de Estado (Relações Exteriores, Agricultura e Energia) e de dois governadores trouxe entusiasmo e esperança para o público presente, num momento em que o PIB do setor cresceu menos, mas não chegou a ficar negativo.

Além dos desafios usuais de aumento da competitividade, dois temas chamaram a atenção. O primeiro é a aproximação virtuosa entre agronegócio e sustentabilidade. O Brasil vem melhorando os seus indicadores nessa área: uso de tecnologias que economizam recursos naturais, implantação do Código Florestal, mitigação das mudanças do clima, proteção da biodiversidade, energias renováveis etc. Notei que o diálogo e a cooperação entre o mundo privado e as ONGs claramente ganharam estatura e maturidade nos últimos anos, como prova a ampla “Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura”, que reúne 140 empresas, associações e ONGs.

O segundo é o desafio de ampliar e qualificar nossa presença internacional. Aqui os grandes desafios são o acesso aos mercados protegidos, a diferenciação e a adição de valor dos produtos vendidos no exterior —90% das exportações do agro são compostas de commodities pouco ou nada diferenciadas e há uma percepção de que podemos fazer mais e melhor— e um esforço contínuo de comunicação estruturada.

Nizan Guanaes fez uma palestra objetiva e sincera sobre os desafios de comunicação do agronegócio brasileiro. A importância do agro na geração de empregos, divisas, inovação e interiorização do desenvolvimento é mais do que óbvia. Mas, segundo Nizan, no Brasil o óbvio costuma ter muitos inimigos. Por desconhecimento, preconceito ou má-fé, as percepções nem sempre refletem a realidade. Para Nizan, “Brasil” deveria ser visto como sinônimo de “alimento”. Nós sabemos isso, mas o mundo não sabe, não conhece a nossa história, não vê nossas commodities, apesar de consumi-las, não conhece a amplitude e a sofisticação desse setor.

Com raras exceções, a presença do agro brasileiro no exterior é medíocre. Mesmo nos grandes fóruns globais, a nossa presença é esporádica e desorganizada. O próprio GAF deveria ser realizado fora do Brasil.

Na minha opinião, o investimento em comunicação deveria começar pelo exterior: contar nossas histórias lá fora de forma inteligente, montar sites com bom conteúdo nos idiomas mais importantes, usar as redes sociais com efetividade e desenvolver um trabalho intenso com formadores de opinião em países-chave. É preciso esclarecer as inverdades com dados e informações de qualidade, divulgadas de forma didática.

O GAF mostrou que há muita vontade para melhorar o alinhamento e a coordenação entre os diferentes elos das cadeias produtivas, com a mídia, a academia e a sociedade civil, dentro do governo, entre o governo e o setor privado, entre o nacional e o internacional. Esse é o melhor caminho para a retomada do desenvolvimento.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcos-jank/2016/07/1789966-o-global-agribusiness-forum.shtml