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Plano Safra é insuficiente e não atende o setor, avalia SRB


A Sociedade Rural Brasileira (SRB) recebeu com insatisfação as medidas do
Plano Safra 2025/2026 apresentado nesta terça-feira, 1º de julho, pelo governo
federal, em Brasília.

A entidade reconhece o esforço do Ministério da Agricultura na busca de
recursos para o Plano Safra, mas considera os volumes insuficientes e as taxas
de juros inadequadas.

“O Plano Safra não atendeu o setor, aumentou muito pouco o volume total e
diminuiu o volume de recursos para investimentos. As taxas de juros são
elevadas ainda e o tema do seguro agrícola nem foi tocado pelo governo, o que
é negativo para nós”, avaliou o presidente da SRB, Sérgio Bortolozzo.

Entre os pontos preocupantes do Plano está o aumento das taxas de juros, que
subiram até 2 pontos percentuais em todas as linhas, com o custeio empresarial
chegando a 14% a.a., o que supera a expectativa de retorno de muitas culturas
e encarece o crédito, podendo restringir investimentos e ampliar riscos
financeiros dos produtores.

Além disso, houve queda de R$2 bilhões nos recursos equalizados para o Pronaf
e estagnação no Moderfrota, transferindo maior risco para produtores e
instituições financeiras, além de reduzir a atratividade do crédito subsidiado.
A SRB entende que o corte de 5,4% nos programas de máquinas, irrigação e
armazenagem limita o avanço tecnológico e a produtividade futura,
comprometendo a competitividade do setor no médio e longo prazo.

É fato que houve aumento no volume de recursos anunciado, totalizando um
valor recorde de R$ 594 bilhões, somando-se agricultura familiar e empresarial.
Porém, o crescimento nominal do crédito (1,5% para empresarial e 3% para
familiar) fica abaixo da inflação acumulada (IPCA de 5,2%), reduzindo o poder
real de compra e o impacto efetivo do financiamento.

A SRB gostaria de um plano safra mais abrangente, que acompanhasse o
crescimento vigoroso do agro brasileiro, mas também avalia alguns pontos
positivos.

Destacamos, por exemplo, a prioridade para linhas empresariais de custeio, o
que ajuda a manter a liquidez dos produtores diante da compressão das
margens, reduzindo o risco de inadimplência.

É válida, mais uma vez, a iniciativa de oferecer desconto de 0,5 ponto percentual
na taxa de juros para produtores rurais que adotam práticas sustentáveis. O
Plano também financia reflorestamento, culturas de cobertura e ações de
prevenção a incêndios, ampliando o compromisso com a sustentabilidade.
Entre medidas que podem beneficiar o setor está ainda a ampliação da
exigibilidade das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs). O aumento de 50%
para 60% deve liberar cerca de R$64 bilhões adicionais em funding privado para
o setor, diversificando as fontes de financiamento e reduzindo a dependência do
Tesouro Nacional

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