Economia pós-Trump foi o principal assunto da reunião organizada em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI)

O diretor do Banco Mundial, Otaviano Canuto, esteve ontem (17) na Sociedade Rural Brasileira para discutir com um grupo fechado as expectativas para a economia global em 2017 e seus impactos no Brasil. A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos foi o centro das discussões, numa reunião com executivos e representantes de diferentes setores econômicos.

“O mercado financeiro traz para o presente o que ele prevê para o futuro. O que as folhas de chá estão vendo, com a eleição de Trump, é o fim do ‘novo medíocre’, com a reflação da economia norte-americana”, disse Canuto, referindo-se ao termo cunhado em 2015 pela presidente do FMI, Christine Lagarde, para designar a desaceleração das economias emergentes e, logo, da economia global, cujo crescimento vinha sendo liderado por elas.

Para Canuto, o “trumpismo” trará crescimento e inflação para os Estados Unidos. O futuro presidente promete uma expansão econômica de 4% ao ano para o país, enquanto o FMI ainda projeta um crescimento potencial de 2% anuais. “Se o FMI estiver certo, haverá mais inflação do que crescimento”, disse o diretor do Banco Mundial. “A grande variável de incerteza é como se comportará o comércio global e as importações americanas”, ele disse.

Para o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Gustavo Diniz Junqueira, a eleição de Trump marca o início de uma nova ordem econômica mundial, mais competitiva e com novos fundamentos. “É uma ruptura com a política do pós-guerra de irrigação das economias de países pobres pelos países ricos e o início de uma concorrência intensa por capital com os EUA”, disse ele no final da reunião. “Agora teremos que competir por investimentos com a maior economia do mundo e, para isso, temos que promover reformas ainda mais profundas no Brasil. Esta é uma mensagem clara deixada pela eleição de Trump”, concluiu.

A SRB promoverá uma série de encontros com economistas e estrategistas internacionais como o realizado ontem para elaborar um plano estratégico que possa incrementar a competitividade do agro brasileiro e do Brasil.

Foto: Luiz Prado / Agência Luz – Rafael Benke, do CEBRI (à esquerda), Otaviano Canuto, do Banco Mundial (no centro) e Gustavo Diniz Junqueira, da SRB (à direita).