Presidente da entidade, Marcelo Vieira defendeu que o agronegócio brasileiro deve ter preferência e benefícios comerciais  por ter maiores índices de  sustentabildade entre seus concorrentes

 Entidade participou de seminário da Coalizão Brasil e paineis da Apex-Brasil na Conferência do Clima da ONU

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) está em Bonn, na Alemanha, para a 23ª Conferência do Clima da ONU, a COP 23. Na quarta-feira, dia 15 de novembro, a entidade participou do debate “Economia de baixo carbono na prática: cases e experiências do Brasil”, organizado pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. Também no dia 15, a SRB esteve em um painel promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) sobre o Programa ABC. A entidade já havia participado de um painel da Apex no dia 13 sobre os desafios da segurança alimentar. Os eventos realizados na cidade alemã reúnem representantes de diversos países para viabilizar a implementação do Acordo de Paris, firmado durante a COP 21, além de debater temas ligados à sustentabiildade, produtividade e competitividade.

O evento da Coalizão Brasil lançou um debate sobre as oportunidades que a economia de baixo carbono pode trazer ao País. Atualmente em fase de implementação, as metas brasileiras, chamadas de NDC, serão o norte das políticas de desenvolvimento, estimulando uma economia mais sustentável, inclusiva e competitiva. Serão abordados também os desafios para ancorar as demandas climáticas sob perspectivas mais abrangentes, considerando os pilares ambiental, social e econômico.

O presidente da SRB, Marcelo Vieira, participou da mesa debate com Marcelo Furtado, facilitador da Coalizão Brasil, Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Raoni Rajão, Coordenador do Laboratório de Estudos de Serviços Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG). O evento teve moderação de André Guimarães, diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

Para a SRB, a conferência representa uma oportunidade de dialogar com autoridades de peso e lideranças internacionais para dar ao agronegócio brasileiro protagonismo na agenda climática global. “Os investimentos feitos pelo setor produtivo precisam ser reconhecidos e remunerados pelo mercado, para que a transição para um futuro de baixo carbono seja ancorada em oportunidades econômicas e de negócios”, diz Marcelo Vieira.

No painel da Apex-Brasil sobre o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), associações do agro brasileiro mostraram ao mercado mundial como a iniciativa está aumentando a produção agropecuária em bases sustentáveis, adequando as propriedades rurais à legislação ambiental e ampliando a área de florestas cultivadas. Também participaram do debate Marcelo Furtado, a coordenadora do programa Finanças Sustentáveis do GVces, Annelise Vendramini, o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Ângelo Gurgel, o presidente do Conselho Gestor da Rede ILPF, Renato Rodrigues, o Superintendente de Meio Ambiente do BNDES, Gabriel Visconti, e o Diretor Geral do Agroicone, Rodrigo Lima.

Vieira destacou no painel as ações da SRB que priorizam modelos de negócio sustentáveis. Em parceria com a ONG WWF a entidade desenvolveu o Projeto Vanguarda, que identifica alternativas de uso da terra a partir do Código Florestal. Já na região do MATOPIBA, nova grande fronteira de expansão agrícola no Brasil, a SRB ajuda a difundir as melhores práticas de gestão e baixo carbono.

No painel sobre segurança alimentar, o presidente da SRB apresentou dados que colocam o Brasil como destaque global em preservação da vegetação nativa, uso da terra e de energias renováveis, além do advento de tecnologia no processo produtivo. Marcelo Vieira participou do painel com André Guimarães, do IPAM, e Joana Chiavary, do Climate Policy Initiative (CPI). “Apresentamos os desafios da adequação de nosso agronegócio ao Código Florestal, mostrando que buscamos modelos viáveis de sua implementação, mas para isso precisamos de mecanismos inovadores de financiamento de uma agricultura de baixo carbono e uma adequada valoração de nossa produção, garantindo seu acesso aos principais mercados mundiais”, enfatizou o presidente da SRB

Vieira mostrou que a preservação de vegetação nativa em áreas privadas no Brasil já alcança 174 milhões de hectares, superando a soma da área total de vários países europeus: Portugal, Espanha, Reino Unido, Itália, França e Suíça. “Nosso desafio agora é desenvolver tecnologias e incentivos econômicos em grande escala para que os produtores se adequem à legislação sem perder competitividade”, disse o dirigente.