Segundo entidade, restrições ao controle da espécie em São Paulo deixam produtores e moradores de zonas rurais expostos a ataques físicos e doenças

Duas pessoas morreram vítimas de ataques de javalis em Minas Gerais de acordo com a FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais). As vítimas são de Ibiá, no Triângulo Mineiro, e de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Para a Sociedade Rural Brasileira (SRB), as mortes reafirmam os riscos da aprovação da Lei Estadual 16.784, que proíbe a caça de javalis como forma de manejo no estado de São Paulo. Além dos relatos envolvendo o confronto físico com os animais, produtores e moradores de zonas rurais são diretamente expostos à ameaça de contaminação por peste suína africana, febre aftosa, entre outras doenças.

Além dos riscos para a saúde humana, os javalis ameaçam a estabilidade econômica dos agricultores. Em Minas Gerais, os animais destruíram boa parte das plantações de milho e sogo. Segundo a FAEMG, as regiões mais atacadas são o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba. “ Essa espécie se multiplica de forma exponencial, atacando ainda outros animais silvestres, assoreando nascentes de rios e danificando o solo”, alerta o presidente da SRB, Marcelo Vieira.

A SRB ressalta que a caça é vedada no Brasil por força da Lei Federal de Proteção à Fauna nº 5.197. Entretanto, a mesma lei também prevê o manejo para controle de espécies consideradas nocivas à saúde pública e à agricultura. Com esse argumento, a entidade ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) em julho, defendendo a inconstitucionalidade da lei paulista.

Segundo levantamento feito pela SRB, estima-se que no Estado de São Paulo existam mais de 500 mil animais asselvajados. Em Minas Gerais, onde a FAEMG estima 300 mil, nem mesmo a caça vem sendo o suficiente para controlar a espécie. Para que o problema não se agrave, é necessário cadastrar novos controladores para tentar equilibrar a população de javalis.

A caça, única ferramenta disponível hoje para o manejo, é regulamentada pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Ibama. Nestes casos, o manejo da espécie visa controlar a população de javalis, protegendo a fauna e flora, bem com as lavouras afetadas. A SRB enfatiza que o abate não deve ser feito com armadilhas venenosas ou qualquer método que cause sofrimento ao animal.