A medalha entregue pelo governo de Minas ao coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, gerou uma guerra entre governistas e oposicionistas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e recebeu críticas de entidades ligadas ao setor rural no país.

Ontem, os deputados estaduais de oposição ao governo Fernando Pimentel protocolaram um projeto de resolução que susta os efeitos do ato que concedeu a Grande Medalha da Inconfidência a Stédile. Segundo os parlamentares, “o ato assinado pelo governador fere de morte o disposto nos dois artigos, por mais que se busque enquadrar o agraciado em um dos atributos condicionantes exigidos pelos textos legais”.

Enquanto isso, o líder do governo na Casa, deputado Durval Ângelo (PT), afirmou não acreditar que não haverá efeito prático no projeto.

Destacado pelo Palácio Tiradentes para falar sobre o caso, o secretário de Governo, Odair Cunha (PT), reagiu às críticas. “Nós primamos pela democracia, pela tolerância e pelo aprofundamento do diálogo com todos os segmentos da sociedade. Não é possível desconsiderar a presença de movimentos sociais em Minas Gerais e a agenda agrária e da terra no nosso Estado. Buscamos estabelecer pontes para resolver esses problemas crônicos que foram colocados em nosso Estado em muitos anos e que não foram resolvidos, dadas as quase duas centenas de ocupações em Minas”, disse.

Além da disputa política na ALMG, a medalha a Stédile gerou notas de repúdio assinadas pela Sociedade Rural Brasileira (SRB) e pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), sediada em Uberlândia. A ABCZ chamou Stédile de “um antirrepublicano” que “tem um histórico de desprezo ao Poder Judiciário e à legislação do Brasil”. Já a SRB afirma que “a iniciativa do governador Fernando Pimentel causa desconsolo à sociedade e denigre o propósito da honraria”.
Nota conjunta assinada por entidades sindicais também atacou a decisão do governo. A nota que está sendo publicada hoje nos jornais é assinada por Faemg, ACMinas, CDL, Ciemg, Fecomércio, Federaminas, Fetcemg, Fiemg e FCDL.

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A equipe de comunicação do senador Antonio Anastasia (PSDB) criou, após pedido do próprio ex-governador do Estado, um portal em que aponta conquistas e feitos que foram alcançados quando o tucano estava no Palácio Tiradentes. O site, que ficou pronto ontem, tem a intenção de “proteger o legado” em Minas. Apesar de a estratégia acontecer logo após o anúncio do governo Pimentel de que o Estado está sucateado, membros do PSDB afirmam que a iniciativa não pretende responder às críticas, mas proteger a imagem do senador, que, em 2018, deve se candidatar ao governo estadual. “É o único que consegue ganhar sem precisar do Aécio. Aí deixariam o Aécio ser candidato a presidente em paz”, diz um interlocutor ligado ao PSDB.
Fonte: O Tempo